4 de fevereiro de 2016

A Sabedoria




Pois sabei, jovem senhor, que não tenho encantos; minha taça está até a borda cheia de fadigas. Abrace qualquer um meu modo de vida, e deve resolver-se a banir de sua mesa todo alimento que uma vez teve vida, deve perder a lembrança do vinho, e assim não mais poluir a taça da sabedoria – a taça que realmente consiste de almas não manchadas pelo vinho. Nem a lã irá aquecê-lo, nem nada feito de animais. Dou a meus servos sapatos feitos de fibra, e nela eles podem dormir. E se os encontro entretidos nos deleites amorosos, logo lhes trago aquela justiça que segue os passos da sabedoria, para resgatá-los e corrigi-los; em verdade, sou tão rigorosa com aqueles que escolhem meu caminho, que mesmo em suas línguas ponho um ferrolho. Agora ouve de mim quais coisas ganharás, se perseverares.

Um senso inato de prontidão e de correção, e jamais sentir que o quinhão de outrem é melhor que o próprio; eliminar pelo medo os tiranos antes de ser um temeroso escravo da tirania; ter tuas pobres ofertas mais abençoadas pelos deuses  do que aqueles que lhes apresentam o sangue dos touros. Se és puro, conceder-te-ei como saber as coisas que virão, e encherei tanto teus olhos de luz que poderás reconhecer os deuses, os heróis, e provar e dominar as formas sombrias que assumem a forma de homens.

Apolônio de Tiana








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