9 de novembro de 2015

Convite ao amor.


Pintura de Mário Sanchez.
Amor, esse convite ao desafio de deixar de ser. Opúsculo do efêmero a imprimir no Tempo suas radiações maviosas. Viagem que se faz, de livre escolha, contra si mesmo e em favor de outrem. Barco que se permite tremular no vago oceano da vida.


Mesmo colhidas todas as orientações dos hábeis instrutores, há sempre o risco de sofrer o chacoalhar do mar revolto nas noites tempestuosas. Momentos de fúria e desespero. Depois, calmaria. E o manto de azul profundo não pode evitar a desconfiança dos marujos menos afoitos.


E qual outra forma haveria de contemplar o luzir dourado da lua cheia? Por qual outro motivo despertar-se-ia com o zumbir dos ventos trazendo consigo os mistérios da aurora? De que outro modo as garças em dança recolheriam as lágrimas suspensas no éter das almas?


A ternura não compreende as reticências. Quer a sofreguidão das exclamativas ou a tortura das interrogações, mas nunca a expressão retida, jazida semimorta nas reticências.





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