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Pintura de Mário Sanchez. |
Amor, esse convite ao desafio de deixar de ser.
Opúsculo do efêmero a imprimir no Tempo suas radiações maviosas. Viagem que se
faz, de livre escolha, contra si mesmo e em favor de outrem. Barco que se
permite tremular no vago oceano da vida.
Mesmo colhidas todas as orientações dos hábeis
instrutores, há sempre o risco de sofrer o chacoalhar do mar revolto nas noites
tempestuosas. Momentos de fúria e desespero. Depois, calmaria. E o manto de
azul profundo não pode evitar a desconfiança dos marujos menos afoitos.
E qual outra forma haveria de contemplar o luzir
dourado da lua cheia? Por qual outro motivo despertar-se-ia com o zumbir dos ventos
trazendo consigo os mistérios da aurora? De que outro modo as garças em dança recolheriam
as lágrimas suspensas no éter das almas?
A ternura não compreende as reticências. Quer a
sofreguidão das exclamativas ou a tortura das interrogações, mas nunca a
expressão retida, jazida semimorta nas reticências.
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