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'O êxtase de Sta. Teresa' de Bernini. |
HÁ ALGUNS anos um dos meus amigos entrou numa livraria católica
e pediu um livro sobre Santa Teresa. A jovem que o atendeu trouxe um monte de
livros sobre Santa Teresinha do Menino Jesus. "Mas não, eu queria alguma
coisa sobre a grande Santa Teresa de Ávila!" A jovem levantou os ombros e
respondeu: "Sinto muito, mas a grande Santa Teresa já não é moderna."
Sem dúvida, a "grande" Santa Teresa teria rido desta
anedota; a visionária tinha, como verdadeira castelhana, o humor superior da sua
raça e a inteligência prática. A invasão do "moderno" nas regiões da
eternidade, sintoma tão grave aos nossos olhos, teria sido para a santa um novo
impulso de atividade. São os santos que transformam o mundo.
Nada mais interessante que observar as coisas que são tomadas a
sério pelos nossos contemporâneos, se eles são ainda capazes de levar alguma
coisa verdadeiramente a sério. Achar-se-á que os idealistas e os
espiritualistas mais sublimes se apavoram em face das crises econômicas, das
revoluções sociais e das batalhas militares, como se isso tivesse alguma
importância. Ah! como o materialismo venceu até os seus inimigos mais rebeldes!
Quanto a mim, estou convencido que os santos são o verdadeiro
sinal dos tempos, muito mais importantes que a distribuição das forças
diplomáticas e econômicas ou as novíssimas invenções da técnica militar. Todos esses que hoje se agitam tumultuosamente
estarão mortos em breve, e nós juntamente com eles. É a morte que dá a esses
episódios a sua verdadeira medida. A morte carnal, a decomposição, à qual - maravilhosas
lendas da Antiguidade cristã! - a carne dos santos resiste. Somente, é preciso
saber o que é um santo.
Os santos não são acessórios de crenças passadas nem figuras de
gesso inexpressivas. O santo é um homem que possui a graça de levar o mundo
mais a sério do que ele o merece; tão a sério que o seu caminho para o céu
passa precisamente por este mundo. Levar o mundo a sério é a lição dos santos. Os
santos não são infalíveis; mas são resolutos. Não vacilam entre um puerilismo
ingênuo e a adoração do poder. Não são modernos; representam o eterno. Sabem que
a espada do espírito é mais cortante que a espada de aço. Quem não acreditar estará perdido. Quem acreditar
será salvo. É a lição da grande Santa Teresa.
Teresa de Cepeda y Ahumada é filha de um grande da Espanha, filha
da cidade castelhana de Ávila, cujas muralhas ciclópicas pareciam construídas
para a eternidade; Unamuno celebrou-as como símbolo da imortalidade. Alimentada
tanto pelo espírito aventureiro dos romances de cavalaria - chegando mesmo a
escrever um deles - como pelo espírito exaltado da Flos Sanctorum, das lendas
dos santos, e também desejosa de tornar-se santa, Teresa escolhe o caminho da
aventura religiosa. Prepara-se para as cruzadas e para os martírios,
abandonando o século e entrando para o convento do Carmo. Mas o que ela
encontra no convento é o século. Estamos antes da reforma do Concílio de
Trento. Parece que aí, no convento, se levava a sério o mundo. As
religiosas nos seus parlatórios gozavam de uma liberdade que a severidade
castelhana proibia às mulheres do século. A vida nos conventos é uma verdadeira "comedia de capa y
espada", com as suas serenatas e seus duelos. O barulho das armas na
Itália e em Flandres ecoava no parlatório, bem como o tilintar do ouro das
Índias. "A súbita mudança de alimentação e de hábitos me fez cair
doente" - escrevia a religiosa a seu pai. Ela estava mais doente do que
imaginava. Caiu em letargias que duraram dias e dias. Uma vez as irmãs chegaram
a preparar-lhe a sepultura. Mas a morte passa. Teresa volta ao mundo. A leitura
das Confissões de Santo Agostinho ensina-lhe o valor único da alma humana. O
destino do mundo não depende das guerras de religiões nem das guerras de
conquistas. É na alma humana que os destinos do mundo se
decidem. Iluminada por essa
sabedoria, Teresa apavora-se com as palavras evangélicas que ouviu durante a
missa: "Vigilate itaque, quia nescitis diem neque horam" -
"Velai, pois que não sabeis nem o dia nem a hora". É o fim da
parábola das virgens sábias e das virgens loucas, das virgens sábias que
prepararam as lâmpadas para as núpcias, e das virgens loucas que esqueceram o óleo,
e as lâmpadas apagaram-se, e caiu a noite, e o noivo celeste não as reconheceu;
é o evangelho que se reza hoje em dia durante a missa em honra a Santa Teresa. Teresa
está resolvida a não pertencer mais ao número das virgens loucas. Quer reformar
a Ordem. Prontamente a virgem sábia foi considerada louca. Teresa cai em êxtases:
vê o céu aberto, o anjo do Senhor fere-lhe o coração com a flecha do amor.
Processaram-na, prenderam-na. Ela, porém, não se deixa domar. Essa visionária
extática reúne em si a imaginação de Dom Quixote e a inteligência prática de
Sancho Pança, e mais ainda: o humor superior e o gênio literário do criador
dessas personagens imortais. Com a coragem do cavaleiro andante ela percorre toda a Espanha -
que viagens pitorescas e picarescas! - para fundar os trinta e dois conventos
das Carmelitas descalças. Resiste ao rei Felipe II e a seus inquisidores, ao
núncio apostólico e aos bispos, aos superiores, que a torturam cruelmente. Reclusa
em Toledo, escreveu as obras místicas que a consagraram a primeira prosadora da
literatura espanhola; escreveu inúmeras cartas aos grandes do mundo e às
religiosas dos seus conventos, cartas cheias de coragem indomável, cheias de
conselhos práticos, cheias de um humor surpreendente e de uma sabedoria
superior. Ao morrer, em 1582, conseguira
fazer o que o rei e o Grande Inquisidor não conseguiram: a Igreja na Espanha
estava salva.
Santa Teresa tem o seu monumento. Bernini o esculpiu. Sobre um
altar da igreja de Santa Maria della Vittoria, em Roma, vê-se a santa com os
olhos fechados em êxtase, um sorriso encantador nos lábios; o anjo que lhe fere
o coração com uma flecha de amor parece um Eros. É uma obra-prima da arte
barroca; e compreende-se imediatamente a intenção genial do artista: Teresa era
histérica.
Um católico profundamente crente como o barão
Huegel declara: "Nunca houve um santo visionário que tivesse uma saúde nervosa
normal" (carta de
19 de novembro de 1898); e cita o livro do sábio bolandista P. Hahn S. J. sobre
Santa Teresa. Essa comprovação, que não é precipitada, coloca-nos diante de um problema
sério, mais sério que a pretensa vizinhança entre o gênio e a loucura. Porque a
histeria não é uma loucura. A histeria pode perfeitamente ser acompanhada do
gênio, pois que ela não afeta a inteligência. Mas o gênio religioso? A histeria
é uma doença do caráter.
É precisamente pelo caráter que se distingue o histérico egocentrista
e orgulhoso do santo teocentrista e humilde. Para o histérico, o mundo é um
joguete em volta do seu eu; o santo sacrificou o seu eu a Deus, e toma o mundo
a sério. Para os "normais", para os pequenos-burgueses de
espírito, o mundo do histérico e o mundo do santo parecem igualmente
quiméricos. A pedra de toque de distinção é a ação. O mundo é um conjunto de material para a ação. O
histérico, fechado dentro do seu eu, é incapaz de agir num mundo que ele mesmo
criou e que não existe na realidade. O santo é histérico em todas as aparências
do seu mundo à parte, que os outros não compreendem, mas esse mundo é superior ao
nosso mundo. Um interessante estudo de Georg Sebastian Faber distingue entre o
histérico, assunto da psicanálise, e o homem superior, assunto duma
metapsicologia: ambos sofrem duma dissociação da consciência, o suksma do ioga
hindu; nos histéricos e esquizofrênicos, a dissociação da consciência provém
duma irrupção do subconsciente na consciência; a dissociação mental do homem superior
provém da irrupção dum "supraconsciente". A doença mental paralisa a
consciência; o supraconsciente enche o espírito com uma nova força superior,
com aquilo que Sócrates e Goethe designavam como "Demônio"; e é uma força
de ação. A aparição de um santo é a invasão de nosso mundo pela eternidade. Por
aí o santo é capaz de agir. Mais
ainda: a sua santidade e a sua atividade são a mesma coisa e transformam o
mundo. "Pelas suas obras vós os reconhecereis." "Porque as suas
obras os seguem."
A obra de Santa Teresa! Ela é
a maior figura da história eclesiástica barroca; é uma grande figura da
literatura espanhola; é uma das almas mais seráficas que a terra já viu. Três atributos que pertencem ao passado. Que temos
a ver com isso? Que interesse tem isso para nós?
A história literária de Santa Teresa ainda não está escrita. É preciso
procurar os seus traços nos estudos esparsos de Carl Neumann, de Henri Bremond,
de Manuel Bartolomé Cossio, de Max Wieser, estudos que já permitem a afirmação
de que Santa Teresa é uma figura central da história do espírito
europeu. Numa carta a Morell, de
16 de dezembro de 1696, o grande Leibniz escreveu: "Tendes razão em estimar as
obras de Santa Teresa; os seus pensamentos fornecem reflexões filosóficas que
já apliquei." Todo conhecedor
da posição central de Leibniz na história da filosofia moderna ficará impressionado.
Por outro lado, Max Wieser provou que Santa Teresa criou toda a terminologia
psicológica empregada pelo sentimentalismo do século XVIII e em seguida pelo romantismo.
Dois fatos que justificam algumas explicações mais especializadas.
Santa Teresa é uma grande psicóloga. O seu Camino
de perfección é tão
realista e tão eterno quanto as estradas de Castela. O seu Castillo
interior tem as muralhas tão
duráveis como as da fortaleza de Ávila que Unamuno cantou. Na história da
psicologia moderna, Teresa ocupa precisamente o mesmo lugar que o Agostinho das
Confissões na psicologia antiga. A Antiguidade não conheceu o valor da alma
individual; depois do desmoronamento do mundo antigo, Agostinho encontra a sua
alma sozinha com o Criador: a alma humana é realmente o que há de maior valor
sobre a terra. Teresa foi despertada por Agostinho: ela viveu na época em que a
Antiguidade ressuscitada pelo humanismo tinha feito esquecer o valor da alma
humana. Se Teresa foi chamada a criadora de um humanismo cristão, foi
porque acharam nas suas obras uma terminologia cujos efeitos eram incalculáveis
sobre o espírito europeu: "Alma y Dios, Sola con El Solo" - estas palavras significam exatamente o valor
incomparável da alma humana, que, ela só, resiste perante Deus; "Alma
hermosa" - essa expressão salva toda a beleza das coisas deste mundo para
os espaços infinitos do Castillo interior e dá um novo centro e nova direção a
todas as atividades. No tempo em que os Conquistadores espanhóis descobriram
os tesouros da Índia, Teresa descobriu os tesouros da alma. E isto sobreviveu
àquilo.
Teresa teve na Espanha um público escolhido: foi lida pelo rei Felipe
II e por Dom João d'Áustria, por Fray Luis de León e Cervantes. Cossio
demonstrou que as influências de Santa Teresa operaram a transformação do
pintor grego Theotokopouli em El Greco de Toledo. Ora, a língua espanhola era
então a língua universal. Teresa foi lida em Nápoles, em Flandres e entre os prisioneiros
de guerra em Argélia. Foi lida pelos últimos católicos da Inglaterra, onde o
grande poeta barroco Richard Crashaw lhe dedicou o seu Hymn to the Name and the
Honour of the Admirable Saint Teresa, e até mesmo no Peru. Sobretudo, Teresa
inspirou a devoção do santo bispo Francisco de Sales.
Até à admirável História literária do sentimento religioso em França
(especialmente vols. I-III), do abade Henri Bremond, não tínhamos ainda
conhecido a grande "primavera espiritual" francesa do barroco, que se
inspira no "humanismo devoto" de Francisco de Sales. Depois, o bispo
Pierre Camus, e o carmelita Pe Philippe Thibaut, bem como o terceiro volume de
Bremond, nos apresentam o cardeal Berulle, fundador da Congregação do Oratório,
e o seu discípulo Olier, fundador do seminário de St. Sulpice. Daí é que surgiram
o abade de Saint-Cyran e Pascal, e tudo quanto tem valor na mística de
Port-Royal: "A alma só perante Deus". Sabe-se que toda
a literatura francesa até os nossos dias está impregnada de polêmicas
jansenistas e antijansenistas, que se inspiram, por igual, em Santa Teresa. O mais belo poema religioso da língua francesa, En
attendant la mort, de François Maynard, fixa uma atitude teresiana de alma
nestas palavras: "Dans le désert sous l'ombre de La Croix." Mas aqui
o que mais nos preocupa é o grande oratoriano Nicolas Malebranche, cuja
filosofia "ocasionalista" é a fórmula filosófica do "Sola con El
Solo". Malebranche transmitirá este pensamento a Leibniz, cuja
"mônada", a alma isolada, é o germe do idealismo alemão. Mas Unamuno
achou a "mônada" no "só cristão" de Kierkegaard, e Carl
Schmitt achará o ocasionalismo em toda a filosofia do romantismo. É ainda
Bremond que persegue a linha "quietista" do Pe Lallemant e da
religiosa Marie de l'Incarnation ("C'est vraiment notre Thérèse"),
até Fénelon e os místicos da Renânia, entre os quais Pierre Poiret é o
"pai do pietismo literário" (Max Wieser), o criador da expressão
alemã "Schoene Seele" ("alma hermosa"): expressão que
dominará o sentimentalismo do século XVIII e reaparecerá em Goethe, em Novalis
e no romantismo. Aí ele encontrará o ramo inglês do pensamento teresiano - pois
o espírito inglês deu mostras duma estranha afinidade com o espírito da santa -
ramo que provém dos anglocatólicos e dos platônicos de Cambridge, movimento que
vence com Shaftesbury, o pai espiritual do classicismo de Weimar e do
neoclassicismo inglês do século XIX. O sentimentalismo e o romantismo têm a sua
fonte comum nas Confissões de Rousseau, que leu o seu Agostinho pelos olhos de Santa
Teresa. Deixemos Unamuno prosseguir esta linha de Sénancour, Chateaubriand,
Leopardi, Vigny, Amiel, até Quental, onde reaparece a substância cristã do
pensamento teresiano. Paulo Tillich pôde prosseguir este pensamento até às
polêmicas idealistas, humanitárias, do jovem Marx. Sem dúvida o pensamento teresiano
era o "Castillo interior" da alma humana contra todos os ataques da
violência barroca, do racionalismo do século XVIII e do materialismo do século
XIX. O que há neste mundo, ainda, presentemente, de verdadeiro
"personalismo", é devido a esta notável e estranha oposição do
humanismo cristão. Em plena Inglaterra vitoriana, o oratoriano Cardeal Newman
transmite a psicologia teresiana a Coventry Patmore, poeta do Unknown Eros, em
que o último platônico inglês, o grande romancista Charles Morgan, se inspirou,
e cujo ensaio sobre Singleness of Mind representa a voz da última resistência.
Santa Teresa conquistou um
mundo; conquistou-o, porém, contra o mundo. O mundo de Santa Teresa é a Espanha
barroca: um mundo rude. A
própria Teresa o descreveu no seu Libro de fundaciones: a frieza impassível do
rei, a astúcia dos ministros, a imbecilidade dos bispos, a grosseria dos
generais e a covardia dos burgueses; a única figura luminosa é o Grande
Inquisidor Quiroga, que El Greco pintou inesquecivelmente. Teresa descreveu as
suas viagens sobre mulas miseráveis, aos ventos do inverno de Castela e ao sol
escaldante da Andaluzia, as noites nos albergues, que nós conhecemos em Dom
Quixote, entre fidalgos que têm ar de ladrões e ladrões que têm ar de fidalgos.
É um tempo de ferro e de sangue, como o nosso tempo. Em toda parte do mundo os
espanhóis batem como heróis e destroem como selvagens. É
precisamente dessa Espanha desumana que a voz mais humana proclama o valor incomparável
de toda alma.
Esta voz venceu o barulho insensato de uma época. A alma está com
Ele, "Sola con El Solo", e ela será mais forte. Esta mulher, corajosa
contra todos os poderes temporais e espirituais do mundo, é bem a filha de
gerações de senhores feudais espanhóis, altivos e livres nos seus castelos: os
estranhos avós do mais sublime fenômeno dos nossos dias, do liberalismo
espanhol moderno. O pensamento de Santa Teresa é a sublimação
religiosa da liberdade espanhola, a sua alma é o castelo duma liberdade
superior. Superior aos poderes políticos, militares, econômicos, reais,
eclesiásticos e burgueses da sua época. Os tesouros das duas Índias amontoam-se sobre o cais de Sevilha,
onde todo o poder do mundo está reunido para levar os seus idólatras sobre os
caminhos do diabo. Teresa, solitária na sua cela de Toledo, segue, como Richard
Crashaw a cantou, "with white steps the way of light". Amontoa os
tesouros da alma, "the sacred flames of thousand souls". Aos demônios
da violência opõe o seu firme "Todo nada". "Dios solo" -
dizia ela, olhando os alicerces gigantescos do Escorial. Hoje o castelo dos
reis de Espanha não é mais que uma lembrança, "todo nada", e o
palácio vazio fica encoberto pelos arcos do Castillo interior, o céu castelhano
do "Dios solo".
Teresa fez história. A história
não se faz com armas e tesouros; a história não é o teatro dos generais e dos
diplomatas. A verdadeira história passa despercebida, tranqüilamente, no centro
da alma humana. Ela finalmente é a mais forte. É a nossa fé.
Essa fé é preciso defini-la? O pensamento de Santa Teresa operou
os seus efeitos fora da Igreja, e a definição dessa fé consiste essencialmente
em estabelecer fronteiras. Deus não é o "Deus dos mais fortes
exércitos", o que soa muito bem na boca dos incrédulos, e o puerilismo
contemporâneo, mesmo o devoto, não resistirá, porque é incapaz de levar a sério
o mundo. Mas a fé de Santa Teresa é bem capaz disso; a fé que acha uma ordem
superior e um sentido no mundo e na sua história. A lição da santa é que as
muralhas do Castillo interior são eternas, como as muralhas de Ávila não o são.
O que, bem compreendido, não é uma consolação, mas sim uma esperança. O último "teresiano", Charles Morgan,
exprimiu-o no Essay on Singleness of Mind com o qual prefaciou o seu drama O rio
faiscante:
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'A visão de Sta Teresa' de Bartolomeo Guidobono. |
"Muitos homens se deixam convencer pelo desespero de não haver
remédio contra a violência do mundo presente, exceto a fuga ou a destruição.
Mas há outro remédio que está ao alcance de qualquer, da mãe, do sábio, do
marinheiro, do camponês, dos jovens e dos velhos. O remédio é esta concentração
do espírito ativo, que o pensamento humano conservou através de tantas
tiranias, e que o preserva ainda. Essa concentração espiritual a que Jesus chamou a pureza do
coração, e que é o gênio do amor, da ciência e da fé. Assemelha-se a um rio
faiscante, indomável e inflexível como o zelo dos santos. Chamam aos santos de
fanáticos, e realmente eles não permitem que ninguém os desvie dos seus
objetivos. Mas é no caos da política que através deles chegamos à ventura e ao
milagre: - de ser um homem."
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