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Christian Schloe. |
É noite, Maria.
Estamos eu e tu neste recanto escondido. Tudo cricrila em volta e o teu canto
onírico é este farfalhar copioso das folhas da mangueira. Arboral cortinando a
escuridão acima da tua fronte alumiada.
O que é isto que
saltita aqui e acolá? O pequenino anfíbio de olhar esbugalhado ignora teus
pensamentos. Ele descobre o abrigo onde pernoitar aquecido quando te desatas o
ventre em oferenda nesta noite de brisas frias.
Tudo em volta
respira. Tudo chama pelos olhos teus. Cede a tua presença, ó Maria! Renuncia às
tuas quimeras e escutas o que evitaste desde então. Cala-te para perceber o
universo hercúleo que doravante afagar-te-á com um beijo de amor imprudente.
Mira a sutileza do
que aparenta insignificância. Concede à tua alma o encanto de viver agora.
Liquefaz-te para somente refazer-te segundo a segundo.
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