6 de outubro de 2015

Uma pausa, Maria!



Christian Schloe.


É noite, Maria. Estamos eu e tu neste recanto escondido. Tudo cricrila em volta e o teu canto onírico é este farfalhar copioso das folhas da mangueira. Arboral cortinando a escuridão acima da tua fronte alumiada.


O que é isto que saltita aqui e acolá? O pequenino anfíbio de olhar esbugalhado ignora teus pensamentos. Ele descobre o abrigo onde pernoitar aquecido quando te desatas o ventre em oferenda nesta noite de brisas frias.


Tudo em volta respira. Tudo chama pelos olhos teus. Cede a tua presença, ó Maria! Renuncia às tuas quimeras e escutas o que evitaste desde então. Cala-te para perceber o universo hercúleo que doravante afagar-te-á com um beijo de amor imprudente.



Mira a sutileza do que aparenta insignificância. Concede à tua alma o encanto de viver agora. Liquefaz-te para somente refazer-te segundo a segundo.



Nenhum comentário: