22 de agosto de 2015

Os sonhos - II.




Zeng Hao.
O que dizer dos sonhos? Múltiplas e bailantes inflorescências. Rodopiantes como mariposas. Rastejantes como a hera que invade o muro à procura das telhas. Notas de uma valsa enviesada. O bordado e a renda das mulheres elegantes nos antigos bailes em que a poesia era cortejada. Tempos nos quais o tornozelo feminino era o gomo mais doce que o da mais viçosa das jacas.


Tais são os sonhos! Mundo vivaz de sobriedades paralelas aos absurdos endiabrados das nossas rejeições mais sequazes. O canto onírico de pupilar incandescente no qual repousamos, desnudos e afinados, hibernados como os ursos. Natureza, a um só tempo, rude e lânguida como nos vermes, e pálida e leve e tosca como as plumas.







Nenhum comentário: