"Não sou um livro bem escrito;
sou um homem, com as suas contradições."
Conrad Ferdinand Meyer
18 de janeiro de 2017
Um levante pela civilidade.
Em seu discurso, Camila Paglia enfatiza a mensagem da proteção versus responsabilidade. O feminismo é um movimento com muitas correntes de pensamento e, realmente, há um séquito que preconiza a vitimização. Querem a liberdade de se manifestarem sexualmente com atitudes arriscadas, mas não levantam um dedo para emplacar a sua própria proteção.
Sinaliza que devemos nos defender como fazem os homens. É um ponto chave e ao mesmo tempo contraditório. Porque a nossa cultura não nos provê essa inclinação. Uma mulher que arvora-se no direito de travar uma batalha, ainda que inegavelmente justa, não é bem quista nas rodinhas dos hipócritas . O feminino deve ser vinculado à frivolidade e a uma conduta passiva.
Eu entendo por feminismo de guerra o que ela denomina de o 'feminismo das ruas' como contraponto ao dito feminismo burguês que demanda pela proteção institucional e por assistência moral. A meu ver, uma coisa não exclui a outra.
A proteção institucional não deve falhar, pois envolver-se em situações ofensivas e gravosas é sempre um risco presente em algum momento da vida. Não apenas em relação ao que Paglia identifica por psicóticos, isso parece simplório. Violações de direitos humanos são praticadas por pessoas aparentemente normais e de bom conceito social.
Vivemos numa cultura de violência, mas compreender a atitude de uma mulher a arrancar uma cadeira com a intenção flagrante de atirá-la contra a cabeça de um homem é algo desprezível. No entanto, o inverso não tem causado o espanto esperado e há quem ache alguma graça nesta situação miserável. São inúmeras as situações análogas a essa acontecendo por aí todos os dias.
A violência deflagrada contra a mulher é ainda vista como algo tolerável, precisa-se admitir. Mas é espantoso quando uma mulher convida sua irmandade a levantar os açoites e os punhos para fazer uma horda de homens debandarem em disparada. Sim, porque a ideia do feminismo de luta é essa. E aí?
Não é a incursão da violência a tônica desse texto. Mas sim, o conclame a uma postura impositiva para o respeito quando este não ocorrer naturalmente. Aqui vale a ingerência dos que se propõem a educar crianças e jovens ou a militar a respeito do tema. Criar verdadeiras condições para que a civilidade não seja vivida como uma circunstância deslocada da rotina.
Que a civilidade entre as pessoas seja a palavra do dia e seja servido um cálice realmente amargo aos agressores. Toda pessoa deve criar para si mesmo um sistema de autoproteção com a inclusão de modificações no seu modo de estar no mundo. É claro que estas considerações extrapolam a ambientação do discurso feminista para alcançar a generalidade das situações de conflito por assédio e outras manifestações agressivas entre as pessoas.
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