Para se preservar das
más influências, a primeira condição seria, pois, evitar que a imaginação se
exalte. Todos os exaltados são mais ou menos loucos, e sempre é fácil dominar
um louco, tomando-o pela sua loucura. Ponde-vos, pois, acima dos temores pueris
e desejos vagos; crede na sabedoria suprema e ficai convencido de que esta
sabedoria, tendo-vos dado a inteligência para único meio de a conhecer, não
pode querer armar laços à vossa inteligência ou razão. Vedes em toda parte, ao
redor de vós, efeitos proporcionados às causas; vedes as causas dirigidas e
modificadas no domínio do homem pela inteligência; vedes, em suma, o bem ser
mais forte e mais preferido que o mal: por que suporeis, no infinito, uma
imensa irracionalidade, se há razão no finito? A verdade não se oculta a
ninguém. Deus é visível nas suas obras, e nada pede aos seres contra as leis da
natureza deles, da qual ele próprio é o autor. A fé e a confiança; tende
confiança não nos homens que vos falam mal da razão, porque são loucos ou
impostores, mas sim na eterna razão que é o verbo divino, esta luz verdadeira,
oferecida, como o sol, à intuição de toda criatura humana que vem a este mundo.
Se acreditardes na
razão absoluta e se desejais mais do que tudo a verdade e a justiça, não deveis
temer ninguém, e só amareis os que são amáveis. A vossa luz natural repelirá
instintivamente aos malvados, porque ela será dominada pela vossa vontade. Assim,
até as substâncias venenosas que poderiam vos ser administradas não afetarão a
vossa inteligência. Poderão tornar-vos doente, mas nunca vos farão ficar
criminoso.
LÉVI, Éliphas. Dogma e ritual de alta magia.
Tradução de Rosabis Camaysar. 7ª ed. São Paulo: Editora Pensamento, 2013. p.
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